
Por Rogério Silva
há muitos anos majestoso
quem quer que o contemple,
terá sempre o que pensar.
por grandiosidade e curiosidade.
cresceu visitado
silencioso.
da fazenda secular
faz parte o patrimônio
Vicente também.
passada de pai para filho,
hoje na quarta geração.
o jequitibá e o Vicente.
integração
típico analfabeto,
palavras poucas
necessidades também.
é, né! o seu mote.
acostumado na lida
cumpre tarefas
a força bruta é requerida
e o pensamento dispensado.
não é que ele não tenha imaginação.
em poucos tempos vagos
constrói gaiolas
feitas de talos de imbaúba
arquitetura sofisticada,
simples construção.
seu trabalho, o roçado,
plantio e colheita
milho, mandioca e feijão.
de baixo de sol e chuva
começa bem cedo com a manhã
termina com o fim da tarde.
pita o seu cigarrinho
palha de milho e fumo.
nada muda com o tempo,
faz igual desde pequeno.
sua rotina e o seu silêncio
presença desapercebida.
às vezes desaparecia,
surgindo dias depois.
certa vez quando sumiu
já se passavam alguns dias
a preocupação foi muita
se espalhou pela vizinhança.
surgiu como se nada houvesse,
trouxe Rosinha
apesar de acanhada,
sorria felicidade.
o que aconteceu?
é, né! respondeu
a barriga foi crescendo
nasceu um garotão.
se velho já era
ainda viveu um montão.
o gigante da floresta
de longe aflora
quem com ele viveu
conta muitas histórias
como esta de agora.
Um comentário:
Tio Rô, com essa poesia, me vi com 12 ou 13 anos, exatamente vendo e observando os movimentos das mãos do Vicente em seus balaios. Sua voz sempre forte e acalentadora a nos receber na porteira de São Domingos. Lembranças estas que fico feliz em tê-las na memória e triste ao mesmo tempo, por saber que elas também vão se perdendo se não fosse pelas suas belas palavras. Continue a escrever coisas tão belas e que nos fazem voltar em tempos tão gostosos e já não mais presentes. Sua fã. Mil beijos.
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