2007/10/19

Eternamente incógnita



“Eu lembro de quando você ainda me amava. Era alguém, pelo menos para mim, encantador!

Carinhoso e apaixonado como nunca antes (nem depois) encontrei. Entregou-se completamente, se jogou imaginando ter asas para conseguir voar. Quando caiu e se machucou, queria saber quem havia cortado suas asas, sem sequer perceber que elas nunca haviam existido. Criou um culpado para seu sofrimento: eu. Não conseguiu aceitar a inconstância dos sentimentos e se rebelou contra eles. Talvez por ter se iludido, talvez inexplicável sentimento de repulsão, sem carinho: uma incógnita! Pergunto-me diariamente qual das versões suas que eu conheço é a real e me perco em explicações que não explicam nada. Tento justificar seus erros, mas quando me dou conta estou arranjando justificativas que não justificam nada.

Será que você se entende? Não consigo acreditar, não acredito em nada, desconfio de tudo, não acredito em ninguém, tudo por tua causa. Fico confusa porque apesar de você me demonstrar toda sua frieza e todo seu desinteresse, não entram na minha cabeça de jeito nenhum que você seja assim. Por baixo dessa máscara de meu garoto existe um menino uma criança carente, sem chão, com medo, que quer se segurar em qualquer coisa ou qualquer pessoa que considere mais forte.

Não sei o porquê de eu me preocupar ainda com isso.

Não saberia explicar porque ainda, até hoje, procuro explicações para seus atos.

Não sei se algum dia você vai ler meu relato, mas sei que um dia essa dúvida não me incomodará mais. Não sei o quanto você se importa e nem o quanto eu me importo, mas sei que sou a única que ainda penso nisso”.

Autor: Incógnita

Publicado no Jornal Primeiros textos do Colégio Módulo de Macaé

Nenhum comentário: