Por Rogério Silva
Cheguei a pensar em apagar esse poema do blog, pois causei muita inquietação nas pessoas que me procuraram por e-mail. Preocupadas com as suas próprias questões religiosas que, afinal de contas, são as suas razões de se viver. Acreditaram que eu estivesse passando por um mau momento e que isso representasse, em mim, um desejo de morte iminente.
Não se pensou na possibilidade de um estilo literário e, por isso mesmo, não se utilizou o espaço de comentário para as suas críticas, ou questões. Entâo eu busco em Carlos Drummond de Andrade um alento para uma escrita tão audaciosa.
O modernismo e estilo de Drummond levaram-no, com sua linguagem em diferentes ritmos, à popularização em um país onde se lê pouco. No meio do caminho tinha uma pedra/ tinha uma pedra no meio do caminho ou E agora, José?/ A festa acabou/ a luz apagou/ o povo sumiu são versos que entraram para a História como ditos populares. Mantem-se presente no linguajar popular de forma excepcionalmente bela: Mundo mundo vasto mundo/ se eu me chamasse Raimundo/ seria uma rima, não seria uma solução.
A morte, assim como o humor, foi uma constante na obra de Drummond:
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
preferiram (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Misturou o amor e a doença que levou sua filha com seu típico humor em Versos Negros (mas nem tanto): O amor, então, é a grande solução?/ Amor, fonte de vida... Essa é que não./ Amor, meu Deus, amor é o próprio câncer.
Se viver é preciso, morrer também é preciso.
Um comentário:
leggere l'intero blog, pretty good
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